Raramente existe a necessidade de defender um hot hatch com um 5 cilindros em linha de 170 cavalos, mas neste caso específico, o meu "cliente" foi injustiçado durante anos e, como resultado, requer a atenção da equipa jurídica do Vício dos Carros. Como não temos uma, terão de se contentar comigo.
O hot hatch em questão é o Fiat Stilo 2.4 20 válvulas Abarth, a versão mais apimentada do Stilo, um carro conhecido por curvar bem e ter um chassis competente no geral, ou pelo menos assim defende o nosso "partner in crime", Rúben Teixeira, que já usou e abusou de um 1.2 de 5 portas, um dos carros que eu mais odeio no mundo, com base única e exclusivamente no miserável motor que o equipa. No Abarth esse problema não existe.
Nem poderia existir, estamos a falar de um motor com mais um cilindro do que o 1.2 e o dobro da cilindrada, assim como mais do dobro da cavalagem.
Uma besta, um carro aparentemente fenomenal, perfeitamente capaz de rivalizar com os grandes nomes do segmento, certo? Então o que é que falhou? Porque é que não vemos Stilos Abarth nas bombas de gasolina à noite e a invadir os nossos feeds de notícias do Facebook e Instagram? Quando a Ford adoptou este formato no Focus RS de segunda geração o mundo parou, embasbacado com tão fenomenal obra de engenharia. Sim, o turbo que vinha acoplado àquele motor da Volvo ajudou bastante a popularizar esse Focus, mas sobretudo, o erro que a Fiat cometeu e a Ford não, foi simplesmente usar uma caixa sequencial Selespeed em vez de uma boa e velha manual, que era o que o povo queria, e vai querer sempre num carro destes. Porquê inventar? Hatchbacks desportivos têm caixas manuais, não deveria ser necessário ter de explicar isso a uma marca como a Fiat, mas é pertinente recordar o contexto em que este carro foi criado, os mais recentes anos dourados da Ferrari na Fórmula 1, a era Schumacher.
Nesta altura todo o marketing que pudesse ser feito com base na premissa "é igual ao de Fórmula 1", fazia-se, incluindo o uso de caixas de velocidades sequenciais, por mais horrorosas que elas fossem. Existiu de facto uma versão com uns pára-choques mais "tuning" chamada Schumacher Edition.
O carro continuou a ser um fracasso de vendas e popularidade, assim como as restantes versões do Stilo, mesmo os razoáveis 1.9 JTD.
Por fim, em 2004, a Fiat ganhou juízo e finalmente deu uma caixa manual de cinco velocidades ao Stilo Abarth, resolvendo assim o único problema real deste carro, o que me leva a considerar que ele foi injustiçado. Com este motor e o terceiro pedalzito para derreter embraiagens, nada impede o Stilo Abarth de ir fazer boa figura ao lado de um Civic numa Vasco da Gama, ou para uma estradinha mais espirituosa brincar sozinho ao jogo do "não te espetes".
É um crime horrendo, chocante e hediondo, não haver mais carros destes na estrada.
Seja feita justiça. E um burnout.
O hot hatch em questão é o Fiat Stilo 2.4 20 válvulas Abarth, a versão mais apimentada do Stilo, um carro conhecido por curvar bem e ter um chassis competente no geral, ou pelo menos assim defende o nosso "partner in crime", Rúben Teixeira, que já usou e abusou de um 1.2 de 5 portas, um dos carros que eu mais odeio no mundo, com base única e exclusivamente no miserável motor que o equipa. No Abarth esse problema não existe.
Nem poderia existir, estamos a falar de um motor com mais um cilindro do que o 1.2 e o dobro da cilindrada, assim como mais do dobro da cavalagem.
Uma besta, um carro aparentemente fenomenal, perfeitamente capaz de rivalizar com os grandes nomes do segmento, certo? Então o que é que falhou? Porque é que não vemos Stilos Abarth nas bombas de gasolina à noite e a invadir os nossos feeds de notícias do Facebook e Instagram? Quando a Ford adoptou este formato no Focus RS de segunda geração o mundo parou, embasbacado com tão fenomenal obra de engenharia. Sim, o turbo que vinha acoplado àquele motor da Volvo ajudou bastante a popularizar esse Focus, mas sobretudo, o erro que a Fiat cometeu e a Ford não, foi simplesmente usar uma caixa sequencial Selespeed em vez de uma boa e velha manual, que era o que o povo queria, e vai querer sempre num carro destes. Porquê inventar? Hatchbacks desportivos têm caixas manuais, não deveria ser necessário ter de explicar isso a uma marca como a Fiat, mas é pertinente recordar o contexto em que este carro foi criado, os mais recentes anos dourados da Ferrari na Fórmula 1, a era Schumacher.
Nesta altura todo o marketing que pudesse ser feito com base na premissa "é igual ao de Fórmula 1", fazia-se, incluindo o uso de caixas de velocidades sequenciais, por mais horrorosas que elas fossem. Existiu de facto uma versão com uns pára-choques mais "tuning" chamada Schumacher Edition.
O carro continuou a ser um fracasso de vendas e popularidade, assim como as restantes versões do Stilo, mesmo os razoáveis 1.9 JTD.
Por fim, em 2004, a Fiat ganhou juízo e finalmente deu uma caixa manual de cinco velocidades ao Stilo Abarth, resolvendo assim o único problema real deste carro, o que me leva a considerar que ele foi injustiçado. Com este motor e o terceiro pedalzito para derreter embraiagens, nada impede o Stilo Abarth de ir fazer boa figura ao lado de um Civic numa Vasco da Gama, ou para uma estradinha mais espirituosa brincar sozinho ao jogo do "não te espetes".
É um crime horrendo, chocante e hediondo, não haver mais carros destes na estrada.
Seja feita justiça. E um burnout.
Gonçalo Sampaio, no Vício dos Carros
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