"Mernault" - A Lista dos Mercedes com Motores Franceses

De há uns anos para cá, muita tinta tem corrido acerca dos Mercedes com motores Renault. Não é segredo nenhum que eles os usam, qualquer um dispõe desta informação na internet, nos concessionários de ambas as marcas, em oficinas ou abrindo o capôt de qualquer A180 diesel. Mesmo assim, até hoje este assunto gera discussão, com alguns adeptos mais fervorosos da mítica marca alemã a negarem com todas as forças do seu ser que a Mercedes-Benz alguma vez tenha utilizado um motor que não fosse 100% Mercedes.

Como não poderia deixar de ser, nós vamos meter o dedo na ferida. Mas não vamos simplesmente meter lá o dedo, vamos abrir a ferida e remexer, porque a questão vai mais longe do que o 1.5 dCi no Classe A. Neste artigo vamos esclarecer os leitores acerca de todos os modelos da Mercedes-Benz que vêm equipados com motores de origem Renault. 
Carinhosamente, tomamos a liberdade de os apelidar de "Mernault".
Comecemos então pelo carro que despoletou toda esta polémica, o Classe A da geração anterior (W176). Nas versões A160 e A180 CDI, estes carros vinham equipados com os motores 1.5 dCi de origem Renault com 1461cc sobrealimentados por um turbo que os permitiam alcançar os 90 ou os 110 cavalos, respectivamente. O mesmo se aplicava aos CLA, CLA Shooting Break, GLA e Classe B. Só aqui temos cinco modelos Mernault.
Depois temos um Mercedes que não só partilha o motor com a Renault, mas também o resto do carro todo. A carrinha comercial Citan, que é nada mais, nada menos do que uma Renault Kangoo. Até aqui pode parecer que este artigo foi mais um desses exercícios de "clickbait" que se vêem por aí e que não trazem grandes novidades a ninguém, mas nós gostamos de guardar o melhor para o fim. Estes são os casos que se calhar nem toda a gente conhece.

O Mercedes-Benz Classe C, tanto nas versões C180d como C200d, usa o 1.6 dCi de 1598cc, também auxiliado por um turbo, debitando 116cv ou 136cv. Estes motores são também utilizados em carros como o Nissan Qashqai ou a Renault Scénic.
A Pick-Up da Mercedes, Classe X, também partilha motores com modelos da Renault, o que não deverá ser muito surpreendente tendo em conta que no fundo se trata de uma Nissan Navarra. Estes motores são maiores e mais apetecíveis, com 2298cc e produzem 160 ou 190 cavalos. Foram feitos originalmente para a Renault Master, onde continuam a ser utilizados. O V6 da X350d e o 4 cilindros a gasolina são realmente da Mercedes, portanto só as X220d e as X250d é que têm a mesma mecânica do furgão "full-size" da Renault.

Mas se pensam que por comprarem modelos a gasolina estão livres de levar um Mernault para casa, estão enganados, porque há um novo Classe A nas ruas, que para além dos 1.5 dCi, vem equipado com um 1.3 a gasolina, mais precisamente um 1332cc, de 4 cilindros, turbo, que equipa o A160, A180 e A200, o que parece uma denominação um pouco generosa demais para um 1.3, mas é o mundo em que vivemos. Com potências entre os 100 e os 160 cavalos, este pequeno motor pode também ser encontrado em qualquer Clio ou Mégane que venha com mais de 3 cilindros e menos do que um 1.6 debaixo do capôt.

De fora desta lista ficam os Smarts, porque não usam a estrela à frente.

Dito tudo isto, e mesmo sabendo que vai haver quem negue as informações que aqui foram transmitidas, o objectivo deste artigo não é "espicaçar" ninguém, simplesmente esclarecer. E nos tempos que correm, em que até o Toyota Supra é um BMW Z4 disfarçado, alguém ainda está preocupado com parcerias e partilhas de motores?

Gonçalo Sampaio, no Vício Dos Carros

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