Corriam pachorrentos os anos 90, quando a Fiat resolveu lançar, de uma assentada só, o Punto Cabrio, o Fiat Barchetta … e o Fiat Coupé. Produtos para os chamados “nichos” de mercado, que tão bons resultados deram à Marca , nos anos 60 e 70 ( 850 Coupe, 124 spyder, etc).
Mas vamos desta vez vamos falar do Fiat Coupe, ou Projecto tipo 175, como lhe queiram chamar....
Chegaram a Portugal em 1994, era eu responsável pela concessão de Setúbal, e tratei de encomendar um para carro de demonstração. Vermelho, como convinha para aquele que mais tarde muitos viriam a chamar o “Ferrari dos pobres”.
Vi-o chegar ao final da tarde em cima de um trailler, junto com mais meia dúzia de Puntos.
Já tinha tido muitos carros bons, mas ainda hoje tenho presente aquela imagem do Coupe no piso de cima do trailler, e depois parado à porta da concessão, já no lusco fusco. Miseravelmente, era 6ª f e a matricula só viria na 2ª seguinte. E confesso : sonhei com ele.
Era a versão 2.0 Turbo 16v de 193 cv (140 kW) @ 5500 rpm, com 4 cilindros ( prima direita na mecanica do Integralle 1º Série ). E custava cerca de 30.000€, um pouco mais. E eu pensava e ria-me comigo mesmo: com este dinheiro, podia comprar um BMW serie 3 com tampões, cento e poucos cavalos, e sem conta rotações ( custa 80 contos ). E não tinha muito mais por onde escolher …
Pouco depois, já eu andava a 250 Kmh, a lembrar-me de quanto custava a gasolina… E aquele habitáculo fantástico, diferente de tudo o que havia …
Era de cortar a respiração, de originalidade e funcionalidade !
Apesar de ostentar a etiqueta Pininfarina , aliás a única que o carro trazia, diz-se que o chefe da equipa de desenho do carro foi o Sr Cris Bangle ( uma americano que depois rumaria à BMW ), a Pininfarina só fez os interiores. Bem, é dificil escolher, de tão bom que era tudo …
Depois deste, um cliente comprou um amarelo, com um kit de carroceria e mecanica Zender, que incluía uma linha completa de escape ( com um belo som ), Kit de babetes e saias, barras anti-aproximação, etç. Ficou mais caro, mas com muito bom aspecto. E era o amarelo da minha paixão… tanto que 6 meses depois, estava o vermelho já vendido, acabei por o retomar … e usar alegremente mais de 3 anos, melhorado com umas brutais jantes TSW de raios… Além disso, servia de montra viva.
Mais tarde, creio que em 1997, e um pouco de surpresa, viria a versão 2.0 Turbo 20v e 223 cv (160 kW) @ 5750 rpm de 5 cilindros, onde além do motor, mudavam as jantes, as pinças dos travões continuavam Brembo, mas eram vermelhas e …. passava a estar disponível na horrorosa cor que os portugueses mais adoram : o cinza rato !!
Não tinha a mesma brutalidade do 4 cilindros, mas era comedido nos consumos, mesmo a apertar com ele. Em geral, era a evolução
Infelizmnete, a produção deste brinquedo terminou no ano 2000, com pouco mais de 70.000 unidades produzidas, o que lhe dará rapidamente o estatuto de carro de colecção, apesar das suas opções futuristas.
A minha tecnica de ter um carro deste em casa – leia-se na concessão – permitiu-me vender, salvo erro, 10 carros destes, e ainda um parente pobre 1.8 16v: 133 cv (98 kW) @ 6300 rpm. Creio que foram metade dos que foram vendidos em Portugal, enquanto que mais de 45 concessionários dos 50 existentes nunca venderam, nem viram, um carro destes. O que não se vê, não se vende …
Mas é incrível a falta de gosto do pessoal, que na época andava todo deslumbrado com o lixo da Alemanha e as matriculas K.
O carro vendeu abaixo das expectativas, em Portugal, e também na Europa, onde a Fiat já começava a enfrentar o síndrome 127 ( leia-se, construtor de carros de acesso ao mercado, e nada mais ). Apesar de ser um produto de nicho de mercado, ou de prestígio, e não de volume. E acabou descontinuado...
Esse mesmo efeito 127 chegaria a Portugal, onde a marca passou de um fugaz nº 1 em 1999 com mais 40.000 carros vendidos, para os actuais cerca de 3.000 anuais, numa posição que já nem se vê nas estatísticas, abaixo do 10 lugar, mesmo que num mercado nacional mais pequeno, e reduzida ao PUNTO, PANDA e 500 ( todos eles 127 modernos )
Também ajudou muito a desintegração da rede de concessionários a partir do final dos anos 90…
Mas pronto: cada um tem o que merece.
Mas o meu ponto era : como é possível gostar de automóveis e comprar um Jipão ou um Serie 5 TDS com 300.000 km importados, quando pelo mesmo dinheiro se comprava um bichano destes zero quilometros e com cheiro a novo ? Como tanta vez discuti com putativos clientes ?
Já aí se tinha perdido o good value for money…
Mas quem goste de emoções fortes, por menos de 5000€ pode ainda arranjar um e disfrutar um carro total e absolutamente alternativo.
E garanto : no parque do Continente, é sempre facil perceber onde ficou estacionado …
Zé Miguel, no Vicio dos Carros
Mas vamos desta vez vamos falar do Fiat Coupe, ou Projecto tipo 175, como lhe queiram chamar....
Chegaram a Portugal em 1994, era eu responsável pela concessão de Setúbal, e tratei de encomendar um para carro de demonstração. Vermelho, como convinha para aquele que mais tarde muitos viriam a chamar o “Ferrari dos pobres”.
Vi-o chegar ao final da tarde em cima de um trailler, junto com mais meia dúzia de Puntos.
Já tinha tido muitos carros bons, mas ainda hoje tenho presente aquela imagem do Coupe no piso de cima do trailler, e depois parado à porta da concessão, já no lusco fusco. Miseravelmente, era 6ª f e a matricula só viria na 2ª seguinte. E confesso : sonhei com ele.
Era a versão 2.0 Turbo 16v de 193 cv (140 kW) @ 5500 rpm, com 4 cilindros ( prima direita na mecanica do Integralle 1º Série ). E custava cerca de 30.000€, um pouco mais. E eu pensava e ria-me comigo mesmo: com este dinheiro, podia comprar um BMW serie 3 com tampões, cento e poucos cavalos, e sem conta rotações ( custa 80 contos ). E não tinha muito mais por onde escolher …
Pouco depois, já eu andava a 250 Kmh, a lembrar-me de quanto custava a gasolina… E aquele habitáculo fantástico, diferente de tudo o que havia …
Era de cortar a respiração, de originalidade e funcionalidade !
Apesar de ostentar a etiqueta Pininfarina , aliás a única que o carro trazia, diz-se que o chefe da equipa de desenho do carro foi o Sr Cris Bangle ( uma americano que depois rumaria à BMW ), a Pininfarina só fez os interiores. Bem, é dificil escolher, de tão bom que era tudo …
Depois deste, um cliente comprou um amarelo, com um kit de carroceria e mecanica Zender, que incluía uma linha completa de escape ( com um belo som ), Kit de babetes e saias, barras anti-aproximação, etç. Ficou mais caro, mas com muito bom aspecto. E era o amarelo da minha paixão… tanto que 6 meses depois, estava o vermelho já vendido, acabei por o retomar … e usar alegremente mais de 3 anos, melhorado com umas brutais jantes TSW de raios… Além disso, servia de montra viva.
Mais tarde, creio que em 1997, e um pouco de surpresa, viria a versão 2.0 Turbo 20v e 223 cv (160 kW) @ 5750 rpm de 5 cilindros, onde além do motor, mudavam as jantes, as pinças dos travões continuavam Brembo, mas eram vermelhas e …. passava a estar disponível na horrorosa cor que os portugueses mais adoram : o cinza rato !!
Não tinha a mesma brutalidade do 4 cilindros, mas era comedido nos consumos, mesmo a apertar com ele. Em geral, era a evolução
Infelizmnete, a produção deste brinquedo terminou no ano 2000, com pouco mais de 70.000 unidades produzidas, o que lhe dará rapidamente o estatuto de carro de colecção, apesar das suas opções futuristas.
A minha tecnica de ter um carro deste em casa – leia-se na concessão – permitiu-me vender, salvo erro, 10 carros destes, e ainda um parente pobre 1.8 16v: 133 cv (98 kW) @ 6300 rpm. Creio que foram metade dos que foram vendidos em Portugal, enquanto que mais de 45 concessionários dos 50 existentes nunca venderam, nem viram, um carro destes. O que não se vê, não se vende …
Mas é incrível a falta de gosto do pessoal, que na época andava todo deslumbrado com o lixo da Alemanha e as matriculas K.
O carro vendeu abaixo das expectativas, em Portugal, e também na Europa, onde a Fiat já começava a enfrentar o síndrome 127 ( leia-se, construtor de carros de acesso ao mercado, e nada mais ). Apesar de ser um produto de nicho de mercado, ou de prestígio, e não de volume. E acabou descontinuado...
Esse mesmo efeito 127 chegaria a Portugal, onde a marca passou de um fugaz nº 1 em 1999 com mais 40.000 carros vendidos, para os actuais cerca de 3.000 anuais, numa posição que já nem se vê nas estatísticas, abaixo do 10 lugar, mesmo que num mercado nacional mais pequeno, e reduzida ao PUNTO, PANDA e 500 ( todos eles 127 modernos )
Também ajudou muito a desintegração da rede de concessionários a partir do final dos anos 90…
Mas pronto: cada um tem o que merece.
Mas o meu ponto era : como é possível gostar de automóveis e comprar um Jipão ou um Serie 5 TDS com 300.000 km importados, quando pelo mesmo dinheiro se comprava um bichano destes zero quilometros e com cheiro a novo ? Como tanta vez discuti com putativos clientes ?
Já aí se tinha perdido o good value for money…
Mas quem goste de emoções fortes, por menos de 5000€ pode ainda arranjar um e disfrutar um carro total e absolutamente alternativo.
E garanto : no parque do Continente, é sempre facil perceber onde ficou estacionado …
Zé Miguel, no Vicio dos Carros
Comentários
Enviar um comentário